Preparei a minha tela, branca e alvejada
E na minha aquarela um universo de cores
Todas as matizes, cores bem formadas
Cintilantes para o céu, quentes para as flores...
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Tracei primeiro o horizonte de fundo
Dois morros surgindo entre a serra
Tão distantes na curva do mundo
Dava até para sentir o cheiro da terra...
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O rio correndo entre a mata fechada
De tão encoberta, era negra escuridão
O cinza das pedras lascadas
O azul esverdeado das águas que se vão...
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Pintei o relevo do mundo convexo
Um estranho ocidente oriental
O verde no amarelo sem reflexo
A cores se misturam, acidental...
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Pintei a imensidão do litoral, o mar
Ondas quebrando espumadas de verão
Dois veleiros com o vento a tocar
Os amores de meia estação...
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Não rabisquei a natureza morta
Mas eu a trouxe de volta a vida
São as cores de alguém que se importa
São as tintas da fé, de quem não duvida...
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Pincelei o vermelho infernal
Misturei o amarelo fazendo-se surgir o fogo
Refletindo com o azul celestial
Brincando com as cores como um jogo...
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Eu quis pintar com o traço mais perfeito
O mais belo quadro, que toda visão quer
Com as cores de melhor efeito
O resultado foi à imagem de uma mulher...