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SOLTAR O VERBO

 
Minha língua está molhada
Na abstrata palavra
Que consome meu paladar
Que me proíbe de falar
Meu paladar está amargo,
Um fel em dorido compartimento
Meu peito exala um forte tormento
Como as cavas de coveiro que emudecem
O meu corpo está clamando pelas vestes
A minha face está corada de desejo
Mas ressequida das grandes vaidades
Que voam e andam por aí com moletas de sobejo
Ah a minha audição está marcada
O meu sexo está cada vez mais vivo
O meu corpo está crivado em delírio
A minha voz soa assim suave
E os mundos que aleatoriamente criei
Estão vivos por um raio de cometa
E não mais mortos como dos homens os gametas
Que fazem criar o mundo habitável
Sou a mulher que amputa o próprio seio
Quando vê que fluiu seu leite derramado
E que a discórdia foi o real carrasco
Não aquele que nos mata no orgasmo
Mas a loucura de soltar meu verbo ao vento
E de vê-lo não contido por entre meus dentes!



"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende." (Guimarães Rosa)

 
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Ledalge
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 14/08/2007 15:53  Atualizado: 14/08/2007 15:53
 Re: SOLTAR O VERBO
É um simples soltar da nossa língua para tudo o que é verdade.

Enviado por Tópico
Gilberto
Publicado: 14/08/2007 18:06  Atualizado: 14/08/2007 18:06
Colaborador
Usuário desde: 21/04/2007
Localidade: V.Nde GAIA-Porto
Mensagens: 1804
 Re: SOLTAR O VERBO
Querida aniga,

Gostei muito deste teu grito!

"E que a discórdia foi o real carrasco
Não aquele que nos mata no orgasmo
Mas a loucura de soltar meu verbo ao vento
E de vê-lo não contido por entre meus dentes!"

Belo poema...

Beijos muitos!

Enviado por Tópico
MariaSousa
Publicado: 15/08/2007 17:26  Atualizado: 15/08/2007 17:26
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Localidade: Lisboa
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 Re: SOLTAR O VERBO
Um estilo diferente daquele a que estamos habituados, Núria, no entanto não deixa de ser interessante e bonito.

Bjs