Olhavas ao espelho teu negro vulto,
Procuravas incessantemente tua alma
E perdida na infinidade da solidão
Com naturalidade fingias a calma
Que não passava de uma irracional quimera.
Teu coração era destronado por desespero
Tuas memórias revoluteavam numa turva esfera.
O sol dos dias vestia-se de trevas...
As noites alagavam-se de pesadelos...
Teu rosto cobrias com os cabelos
Para esconder a mortificante tristeza.
Nas veias teu sangue era gelo,
Tua vida consumida em flagelo.
Sem aviso ele surgiu misteriosamente
Como um anjo alado protector;
Resgatou das trevas tua essência
Encheu tua existência de amor.
Os dias escuros encheram-se de claridade
As noites transbordaram de sonhos -
Sonhos que nunca imaginaste serem verdade.
Descobriste assim, tão ternamente...
O âmago da paixão incandescente.