Amar alguém é inexplicável, mesmo assim é possivel exprimir a palavra na emoção contida num olhar. À distância observo-te graciosa, perdida no mundo das pequenas coisas, os teus gestos diários estão carregados de amor. Observo-te entretida a arrumar o nosso leito, preparas com detalhe, trazes todas as cores da noite e pintas com dedicação, não te custa, como se fosses inesgotável, é impressionante a energia do amor. À noite quando nos deitamos, somos unos, adormecemos abraçados, pulsamos sincronizados. A respiração acontece aos pares, inspiro o que expiras e depois partilhamos os sonhos, estamos como numa felicidade dormente causada pela mistura do ópio com o nosso amor. É estranho o efeito hipnótico do amor, no limbo dos sonhos. À noite só nós dois existimos, sussurramos palavras impregnadas de esperança e de amor, lambemos as feridas um do outro, reparamos em cicatrizes impressas na alma, mágoas de combates nunca combatidos, com golpes desferidos noutras existências. O gosto salgado do medo da solidão e de uma vida desprovida de amor, evapora-se quando lambuzamos os lábios na exteriorização dos nossos afectos. Sim sou feliz, quando tu és feliz. Quando dizes que me amas, fico feliz na reciprocidade e fico sem palavras para dizer o que sinto. Abraço-te e digo com voz trémula, que sou feliz, digo-o baixinho para não causar inveja, pois o universo pára de admiração na expressão do amor sincero entre duas almas, aponta o foco das estrelas, somos o centro do Mundo. Espectadores existem que nem compreendem a nossa união, como poderiam compreender o nosso amor?