Não percas tempo a sonhar
e faz o que te der na gana
e põe-te na tela a realizar
as belezas que o coração emana!
Pinta o que te vai na alma
com as cores mais bizarras
e verás como tudo em ti acalma
e a paz inteira a agarras!
E depois saltas tão louco
ao ver a obra do nada feita
e vês que tudo soube a pouco
e logo outra tarefa espreita...
Então as palavras num atropelo
querem preencher a folha pura
e tu dás o poema tão belo
ao prelo que pra sempre perdura!
E depois ainda te falta mais
e agarras no barro da terra
e fazes criaturas tão naturais
onde uma alegria se encerra!
E ainda não muito satisfeito
entras numa dança com o vento
até que cais de arfante peito
mas sem uma restia de lamento!
Mas logo te levantas e sobes
ao alto duma fraga imponente
e o ar purissímo todo bebes
e largas um grito estridente!
«*+*»
«*+*»