Em conluio com o Universo está a inocência de uma criança, tão pura quanto este e inerme. Uma criança reparte com os seus amigos os seus brinquedos e juntos jogam o jogo da simplicidade. Não vê mal nas coisas e acredita nos adultos, mesmo quando estes atraiçoam a sua confiança. Perdoa e não sabe o que é rancor, assim anda de mãos dadas com todos e sorri à vida. Tem sempre pressa de chegar a algum lugar, chamado sonho, que ela crê e alcança, com a sua fantasia prodigiosa. O sorriso de uma criança é uma flor a desabrochar e tem sempre os olhos postos nas nuvens, desenhando animais.
Uma criança é uma bênção dos deuses é inteligente e irreverente, virando os sonhos de pernas para o ar. Imita os adultos com graça e surpreende a sua esperteza. Fala com sabedoria, o que aprende na escola e com os seus pais e amigos. Amigos é coisa que não lhe falta, tem-nos por onde quer que ande, desbravando mundos desconhecidos. Gosta das flores e dos animais que ela trata com extrema atenção e cuidado, como se fora parte de si, o que em verdade é. A criança não tem limites e sonha acordada, com mundos fantásticos habitados por fadas e por duendes, que possuem o segredo da magia.
A magia é parte integrante na vida de uma criança, que ela inventa e constrói com conhecimento de causa. Nunca está só no seu reino da imaginação e tem um amigo imaginário, a quem ela conta todos os seus segredos e dúvidas, pois os adultos não a compreenderiam e repreenderiam a sua fértil imaginação, afirmando que ela estaria a inventar tais coisas. Mas ela não se importa e continua a sonhar em cada brincadeira que executa, com a mágica de um mago. A criança suja-se, fere-se pois conquistar o mundo exige muito esforço, e alcançar os seus objectivos é trabalhoso e difícil de contentar.
Gosta de subir às árvores para ver os ninhos dos passarinhos e para construir aí a sua casa, toda feita de madeira. Alicerça o mundo com o seu espírito e devoção e a cada nova conquista corre a contar aos seus amigos e pais, o que para ela é um grande sucesso, deixando estes surpreendidos, com o seu heroísmo tão precoce. Inventa os seus próprios jogos, sempre maiores que o mundo, deixando-a cansada ao fim do dia, e, quando adormece, fá-lo com um sorriso nos lábios. À criança assiste-lhe o direito de brincar e de aprender e vai à escola com gosto redobrado para apreender as novidades, em cada coisa nova, que a professora lhe ensina.
Gosta muito de desenhar e de pintar mundos coloridos, aventuras mil que ela gostaria de experimentar. Põe na folha branca, com lápis de cor, astronautas e piratas das Caraíbas. Pequenos pontinhos são os olhos e os pauzinhos são o corpo, no lugar da cabeça, um círculo, completa a admiração e a felicidade, pela façanha alcançada, que ficará exposta na sala de aulas, deixando-a orgulhosa. Como gosta de assumir actos de preponderância, no recreio, há sempre uma enorme algazarra à sua volta, para os papéis secundários, mas não menos importantes. Porque toda a criança tem o seu valor e traz o sonho consigo, que dá pelo nome de futuro.
Jorge Humberto
01/09/10