Enquanto me beijas, olho-me ao espelho...
Desces-me ao pescoço e enojo-me com o que vejo...
Cuspo para o reflexo enquanto me babas o corpo...
Arrefeço enquanto aqueces; choro à medida que suas...
Apetece-me fugir mas tens-me bem acorrentado...
...literalmente, já que me algemaste ao cano do lavatório...
Aprisionas-me corpo e espírito em prole do teu prazer...
Esfregas-te num ritmo cada vez mais estonteante, à medida que vais ficando mais molhada, e não é só suor...
Nem te dás conta da minha frigidez, pois teu calor dá para os dois...
Já sufoco de tão açambarcado que estou pelo teu apetite voraz...
Mais não sou que um pedaço de carne atirado aos cães...
À medida que me retalhas, já minha alma havia sido dilacerada à muito...
Dás o golpe final mesmo sem consumares o acto; a excitação transcendeu-te e antecipou-te...
Mas não faz mal! Não te sentes frustrada pois não interessa como, mas sim que o conseguiste...
Regozijas-te assim...
O auge foi rápido e a letargia ainda mais...
Sem mais demoras, despes-te da nudez e abandonas o lugar do crime...
Eu, nem me dou conta que fiquei algemado; o meu pensamento deambula à medida que olho fixamente um rasgo de papel higiénico usado que transborda do caixote do lixo...
Que inveja!...