Os olhos dele brilhavam. Não exerciam sobre minha alma a combustão necessária ao amor, mas tornavam minha alma cabisbaixa e perplexa. A luz não mais me enchia a face de coisas boas. Via naquele pequeno lume de abismo o sono e a culpa. O medo me assombrava como criança que ouve da mãe uma estória sem final feliz. E aqueles olhos dele eram espessos, mas tão poderosos que me perdia naquela cela horrenda. A vermelhidão dos seus olhos confrontava-se com minha face empalidecida do medo. Seria ele um bruxo ou um homem qualquer a querer algo meu? Já sem a consciência do certo e errado tentei me desvencilhar daquele olhar; mas deixei com que ele se apoderasse de mim...e sem escapatória sigo aqui presa na redoma...
"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende." (Guimarães Rosa)