Pela branda areia Que toca o mar Sua pequena pegada Não volta mais Um caminho só De pena e silêncio chegou Até a água profunda Uma senda só De penas mudas chegou Até a espuma.
Sabe Deus que angústia Te acompanhou Que dores velhas Calou tua voz Para deitar-te Sussurrada no canto Das conchas marinhas A canção que canta No fundo escuro do mar A concha.
Te vais Alfonsina Com tua solidão Que poemas novos Foste a buscar? Uma voz antiga De vento e de sal Te adula a alma E a está levando E te vais até lá Dormida, Alfonsina Vestida de mar
Cinco sereinhas Te levarão Por caminhos de algas E de coral E fosforescentes Cavalos marinhos farão Uma ronda ao teu lado E os habitantes Da água vão a brincar Prontamente a teu lado.
Baixa-me a lâmpada Um pouco mais Deixa-me que durma Ama-de-leite, em paz E se ele chama Não lhe digas que estou Diz-lhe que Alfonsina não volta E se ele chama Não lhe digas nunca que estou Diz que me fui.
Te vais Alfonsina Com tua solidão Que poemas novos Foste a buscar? Uma voz antiga De vento e de sal Te adula a alma E a está levando E te vais até lá Dormida, Alfonsina Vestida de mar
Felix Luna, autor da letra da composição interpretada na voz inesquecível de Mercedes Sosa (Tradução de Maria Teresa Almeida Pina), Alfonsina foi uma poetisa espanhola que viveu na Argentina e que aos 46 anos deixou a vida, de forma trágica (suicídio) no mar. No início do vídeo abaixo é apresentada a história de Alfonsina, ela deixou um bilhete antes de partir "Voy a Dormir".
Vídeo com esta bela letra na voz inesquecível de Mercedes Sosa.