leio "hino a zeus" de calímaco
"tu não morreste, existes sempre" (1)
e sinto a dor do mármore
que é rasgado
na insana procura do nome
que te serviu em vida
e que agora
é mero pó soprado pela boca
enquanto sob sete mesuras
por entre a palavra mãe
se indaga por que útero
a palavra semente se entrega
ao prazer do espelho
e a madeira
que sonhara um destino navegante
se ancora
à sedução suprema do poente
Xavier Zarco
(1) PEREIRA, Maria Helena da Rocha - Helade, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de Estudos Clássicos, 4.ª Edição, Coimbra, 1982, P.454