Do cume de Sião surge o Rio,
O manancial das palavras de conforto nefasto -
Sustentado pelo conformismo impotente.
E margeando a estrada de ouro da vida
Corre o Rio
Incumbido da saciedade eterna.
Hoje o caminho brilha,
Como um sorriso sarcástico,
Lavado no sangue da paz pela espada -
A Sua espada -
Que concretiza Suas proposições pela guerra.
Tão ferina
Quanto à língua ultrajante
Que professa a tranquilidade
Pelo aniquilamento.
Anoitece enquanto me aproximo de Sião.
As velas foram apagadas pelas lágrimas da culpa
De crianças,
Que foram perdidas pelo caminho
Como pedágio da Santidade.
Quem iluminará o caminho estreito a Sião?
Nossos guias foram cegados,
Feridos em suas retinas,
Pela soberba Luz da Verdade.
Contudo, empunhando minha bússola,
Vejo que o meu norte
Destoa da orientação de outros companheiros.
Por caminhos distintos,
E plagiando escritos divinos,
Escrevo minhas próprias deliberações de Luz
Chego ao alto de Sião,
Pelo caminho desconhecido dos Santos,
E ouço o Cântico
Em memória dos que morreram em vida
E assassinaram o resquício de Deus
Que há de legado -
O livre-arbítrio.
"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito." Manoel de Barros