Poemas : 

extroversão em LSD maior

 
(um medo torto e ácido)

por um momento o fascínio
fez-se Circe de corpo inteiro...
coisas da cabeça ou do demo
que se decretam por declínio
do espírito débil e vezeiro
que se dá ao desacerto mais extremo.

Enleva-se a mente em ciranda corriqueira
que roda e roda e roda, entontece
e cai desamparada na asneira
como se viesse de um cosmo arrevesado
a plantar buracos negros quando anoitece.

Por ali, um gato todo malhado
com malhas de sangue pisado
mostrava um Cristo nos olhos felinos
e ronronava agarrado aos pénis inquilinos
que picavam em tudo... tudo...
e tudo parecia tão mudo.

Vómito cor de rosa!

É vómito cor de rosa
o que emerge dos olhos ulcerosos...
será choro? Será vontade teimosa?
Não, essa ficou em aconchegos ditosos
arrumados lá do outro lado.

Valdevinoxis

(apeteceu-me voltar a publicar este)


A boa convivência não é uma questão de tolerância.


 
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Valdevinoxis
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 27/08/2010 00:45  Atualizado: 27/08/2010 00:45
 Re: extroversão em LSD maior
Gostei do título.
Pois, há coisas que sobem demasiado à cabeça, (e não falo de drogas) transformam-se numa espécie de Lsd.

e vê-se tudo à nossa maneira.

abraço

Enviado por Tópico
ÔNIX
Publicado: 27/08/2010 08:40  Atualizado: 27/08/2010 09:14
Membro de honra
Usuário desde: 08/09/2009
Localidade: Lisboa
Mensagens: 2683
 Re: extroversão em LSD maior
Apeteceu-lhe voltar a publicar, e eu tive muito em gosto em vir aqui, para lhe dizer que sempre me despertou alguma curiosidade, a sua escrita. Não sei se muito à frente ou muito atrás...depende também do meu ângulo de visão e da minha capacidade de alcançar o objecto. Mas sei que sempre primou pela concordância ou não, das cores vigentes num reino próprio, onde a fantasia se reveste da ordem aprimorada das cores e sabores.

Gosto quando as palavras são assim directas à origem onde nasce o vómito. Só assim, se poderá distinguir o limbo submerso, onde nos encontramos, sempre que a cor dos nossos olhos se altera. Não para cor de rosa, não, que essa é uma cor virgem quase a tocar o céu, mas aquela cor tresmalhada que sem saber por onde anda, gosta de visitar o mundo dos vivos.

Sempre gostei de o ler, por sabê-lo muito à frente dos meus olhos

Abraço

Dolores Marques