...e pela estrada a vida não para
nesse passo de navegação inercial...
A mesma tendência ao movimento
desde o principio até ao final.
É o que nos prende, deixa lento.
É o que impulsiona em voraz movimentação.
É o que nos faz seguir
se não há o que nos pare
é o que nos faz andar
subir morro, galgar vale.
E por nós mesmos não andamos
E por nós mesmos não seguimos
apenas os anos humanos
é que marcam o trajeto
do que enfim conseguimos.
Há o futuro, projeto incerto
Há o passado que exibimos,
como se fosse concreto.
(quiçá correto)
o atestado que enfim existirmos.
Incólumes nessa massa néscia
sem fundamento, sem razão
navegamos pelas orbes da vida
que nos joga, em inércia
movimentados por alguma mão.
impulsinonando-nos ao nosso destino,
sem pena, sem comiseração
Como quem joga bolita
com cara de moleque sorridente
sem perguntar se é feia ou bonita
a trajetória da bolita, em forma de gente
e brinca, saliente, até o fim do jogo
até a hora de ir-se, a rir-se,
feliz contente...
E assim me parece Deus
a controlar o destino de suas pequenas sementes.
Ana Lyra