Abençoado à hora certa
Com um beijo na testa,
O anjo sem asas cerca
Sem se envolver a sensação
De o ser.
Tão bom como o carinho diurno,
Suave como a honestidade
De tomar o rumo de braços dados
Com a cidade.
Que boa sensação.
Pregou a sua palavra dos céus
Sensata, espalhando a Boa Nova
Sem precedentes pelos terrenos desmarcados.
Sê forte com os fracos,
Fraco com os fortes,
Dependente com os irados.
Depois, colhe o fruto da palavra
E semeia a cruz na terra distante,
Para o vento te chamar
Em outro dia que não este.
O belo anjo,
Tomado pelo dom da premonição,
Adaptou-se à sua condição
De senhor da Sua palavra.
Disse-nos depois:
Sou o vosso Anjo salvador,
Todo-Poderoso nas questões do Bem!
Abater-se-à o Mal mais violento
Sobre os que me questionarem...
Ri-me do anjo, dizendo-lhe:
Vê até onde isto te levou.
Dançamos e cantamos por ti,
Treinando para o Inferno.
Dominas as Torres da mensagem,
E isso fez-te um anjo quente,
Com medo das asas que vestes.
Escondes-te das crianças e das mulheres,
Dos abraços aleatórios à tua volta,
Para não veres o que não queres que seja visto
À tua volta.
Vê, anjo,
As complicações que vês das Torres
Do entendimento.
Espalha agora o sofrimento,
Ciente do que te digo,
A cravar-te a alma até te queimares.
Vê-me cá em baixo, a olhar por ti,
Como se o devesse fazer por dever.
Não vou cobrir as prostitutas e os devassos
Só para o fazer por fazer,
Pois não os vais procurar nessa vingança.
Vou-me cobrir com eles e elas
Para cumprir este dever
De te manter acordado para o mal
Que ainda está por ser...
Desce dessas Torres,
Anjo,
Que o Mal espera-te sorrateiro,
Mais belo e bom que o Anjo que dizes ser.