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now and then

 
nas velhas ruas sigo em passo apressado Vitor Hugo à conversa com Camões (nem sabia que ele também estava em Paris). creio que se contam histórias de guerras de amores e espadas, de prisões e mares revoltos, coragem e liberdade. tentam evitar os carros e o cheiro a poluição. cumprimentam Josefina, dão a mão a Napoleão, remam para Santa Helena, num barco pintado na ilusão do Sena, em direcção de Versailles, com o mar no pensamento. nas margens os estudantes escutam os poetas e lançam às águas os bancos da velha Sorbonne. acenam à morte e à bandeira, ao amor e à cidade luz. o Arco do Triunfo é um amuleto debaixo do braço, que todos levam pela Avenue Kléber em direcção ao Trocadero onde Fernando Pessoa debica um café-creme num bistrot de frente à Torre Eiffel, colocando chapéus em cada careta sua que rabisca nos seus eus (se nunca lá esteve garanto que o vi). inclina-se a Torre ao cair da noite, para chamar a si as palavras que a rodeiam, altivas e valentes. enquanto isso já lá vem Rodin a pensar na vida ao som dos carrilhões de Nôtre-Dame, onde as pombas se apressam a inteirar o crescimento no jardim anexo das couves sagradas. les enfants de la patrie acorrem de todos os bairros e cantam a Marselhesa à mistura com a Portuguesa, e todos os hinos e o mundo acena-lhes nos arabescos da praça de la Concorde. o obelisco autoriza a passagem de todas as raças e a cidade é a casa de todos, num verde tão verde, mais verde dos bosques mais verdes que Vincennes, Boulogne e Monsanto, num mundo irmanado. os grandes boulevards contam histórias de poetas, piratas, valentes, ou misérables no olhar dos pintores de Montmartre. e toda a gente lá cabe num pastis ou aguarela enquanto ao lado, imponente, no sagrado coração se ora à tolerância dos mundos de todas as cores, que se misturam escada abaixo até ao Sena, rio que traz as memórias das batalhas pela paz velada pela estátua da liberdade original de braço erguido a dizer: salut le monde libre et fraternnel aqui e agora now and then.

nas velhas ruas sigo em passo apressado Vitor Hugo à conversa com Camões (nem sabia que ele também estava em Paris). creio que se contam histórias de guerras de amores e espadas, de prisões e mares revoltos, coragem e liberdade. tentam evitar os carros e o cheiro a poluição. cumprimentam Josefina, dão a mão a Napoleão, remam para Santa Helena, num barco pintado na ilusão do Sena, em direcção de Versailles, com o mar no pensamento. nas margens os estudantes escutam os poetas e lançam às águas os bancos da velha Sorbonne. acenam à morte e à bandeira, ao amor e à cidade luz. o Arco do Triunfo é um amuleto debaixo do braço, que todos levam pela Avenue Kléber em direcção ao Trocadero onde Fernando Pessoa debica um café-creme num bistrot de frente à Torre Eiffel, colocando chapéus em cada careta sua que rabisca nos seus eus (se nunca lá esteve garanto que o vi). inclina-se a Torre ao cair da noite, para chamar a si as palavras que a rodeiam, altivas e valentes. enquanto isso já lá vem Rodin a pensar na vida ao som dos carrilhões de Nôtre-Dame, onde as pombas se apressam a inteirar o crescimento no jardim anexo das couves sagradas. les enfants de la patrie acorrem de todos os bairros e cantam a Marselhesa à mistura com a Portuguesa, e todos os hinos e o mundo acena-lhes nos arabescos da praça de la Concorde. o obelisco autoriza a passagem de todas as raças e a cidade é a casa de todos, num verde tão verde, mais verde dos bosques mais verdes que Vincennes, Boulogne e Monsanto, num mundo irmanado. os grandes boulevards contam histórias de poetas, piratas, valentes, ou misérables no olhar dos pintores de Montmartre. e toda a gente lá cabe num pastis ou aguarela enquanto ao lado, imponente, no sagrado coração se ora à tolerância dos mundos de todas as cores, que se misturam escada abaixo até ao Sena, rio que traz as memórias das batalhas pela paz velada pela estátua da liberdade original de braço erguido a dizer: salut le monde libre et fraternnel aqui e agora now and then.
 
Autor
RoqueSilveira
 
Texto
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Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 24/08/2010 23:44  Atualizado: 24/08/2010 23:44
Colaborador
Usuário desde: 29/10/2008
Localidade: guimarães
Mensagens: 7238
 Re: now and then para roque
excellent.&.excelente.

é que now and then,já não é mau de todo.e o texto está muito criativo e passa uma mensagem inteligente com um toque de ironia no fim.assim é o mundo,feito de ideais e outras coisas mais.

gostei muito de ler conceição.

beijo

alex


Enviado por Tópico
AnaMartins
Publicado: 25/08/2010 01:17  Atualizado: 25/08/2010 01:17
Colaborador
Usuário desde: 25/05/2009
Localidade: Porto
Mensagens: 2220
 Re: now and then
Maravilhoso este texto, Conceição! Torna-se complicado comentar-te porque me sinto repetitiva. Mas a minha opinião sobre a tua escrita já ta fiz saber e isso é o que conta.

Beijinho.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 25/08/2010 10:45  Atualizado: 25/08/2010 10:45
 Re: now and then
agora e sempre la vie en rose
alucinante viagem por alguns dos mais bonitos lugares do mundo

Bjs

sILVA


Enviado por Tópico
GeMuniz
Publicado: 25/08/2010 15:07  Atualizado: 25/08/2010 15:07
Membro de honra
Usuário desde: 10/08/2010
Localidade: Brasil
Mensagens: 7283
 Re: now and then
O texto prendeu-me. O que mais de bom pode esperar o leitor de um texto do que atenção integral dirigida para ele? Uma viagem emocional através de teus olhos, de tua pena por lugares inundados de arte e afirmação, beleza e contradições de uma cidade, de um país, de um olhar...

bj poeta


Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 25/08/2010 23:45  Atualizado: 25/08/2010 23:45
Membro de honra
Usuário desde: 04/10/2006
Localidade: Amadora
Mensagens: 4098
 Re: now and then
Paris é a minha cidade fetiche e acabei de ter uma (bela) visita guiada :)
Adorei o texto São! Também eu me repito a falar da tua escrita, mas enches-me mesmo as medidas!

Beijo


Enviado por Tópico
Betha Mendonça
Publicado: 26/08/2010 15:50  Atualizado: 26/08/2010 15:50
Colaborador
Usuário desde: 30/06/2009
Localidade:
Mensagens: 6700
 Re: now and then
Nos dias atuais já não há na França tanta liberdade e fraternidade.Mas, isso é mundial.Contanto, teu texto mostra a beleza e universalidade que Paris representa e sempre representará.
Bjins, Betha.


Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 27/08/2010 14:41  Atualizado: 27/08/2010 14:41
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11099
 Re: now and then
São,
Numa grande cidade cosmopolita ou num simples jardim todos lá cabemos, agora e sempre, em sã confraternização com a palavra liberdade.
belíssimo texto!
Beijo
Nanda