Luso-Poemas
 
Poemas : 

S/título

 
Arrancados do corpo os espinhos, as feridas servirão
Agora para dar de beber aos habitantes do deserto.
O sangue que lhe corre pelo corpo – esse mesmo corpo,
O corpo do poema – escorre para a boca dos famélicos.
E dos que dançam a chuva para matar a sede. Arrancadas
As almas polissémicas às palavras – essas mesmas palavras,
As palavras que não são do poema – o que resta para lá do corpo
Despido e cru, ungido e nu, que um dia nos foi pão
Mas hoje nada mais que memória?
Como uma mortalha envolta em redor do coração...

Uma mão angelical afaga-nos o cabelo e toca-nos o sexo em cada momento de desespero…

 
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AlexandreHomemDual
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/08/2010 13:53  Atualizado: 24/08/2010 13:53
 Re: S/título
Ao moderno romantismo já ouvi chamar várias coisas. Como se o romantismo se pudesse reduzir a uma escola e não fosse a poesia lírica, dramática, na sua essência. Como se o moderno realismo, urbano, nada tivesse de lírico ou romântico.
Falta aqui a mulher amada? Pois falta. Mas o herói jaz abandonado e a poesia triunfa em todo o seu esplendor. Que triunfe o moderno hiper-romantismo.

Abraço

Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 24/08/2010 15:45  Atualizado: 24/08/2010 15:45
Colaborador
Usuário desde: 29/10/2008
Localidade: guimarães
Mensagens: 7238
 Re: S/título para alexandrehomemdual
arranquem as almas polissémicas que arrancarem.que façam delas o que bem entenderem.que as usem.que as amem,que as matem,que lhes dêem vida,que interpretem,que construam,que reconstruam,que destruam,que deformem,que recriem,que lhes mostrem ou abram caminhos.
nas palavras do poema,nesse corpo,restarão sempre novas almas,prontas a serem olhadas,espoliadas,usadas ou ignoradas.pelos olhos que as lerem,ou não lerem, no futuro.

gostei muito de te ler,alexandre.

beijo,
alex

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