Mais uma noite falece nos meus olhos ateus
E essa matéria fria chamada alma
Outrora inflada pelos lábios de Deus
Ar tão doce, amargo em mim
Sustenta e inflama o espírito meu
O Em Si vago no Eu
E eu por um instante querendo que outro habitasse no corpo meu
E me livrasse do fardo permanente de eu mesmo ser eu
Enquanto me recarrego e perco a cada filtro de tristeza
Seis minutos que seriam apenas teus
Teus... Se porventura estivesses aqui
E a esse tempo subtraído de mim nesse duro e cotidiano intervalo
Converto-o em versos
E cada letra segue camuflando uma lágrima
Pra no contexto ser um sorriso natural digno aos olhos teus
Pois no desejo de terem nascido do meu inquieto Eu
Amarei com ternura os filhos teus
Como se fossem vento sobre a espuma
Livres da minha carga genética
Abençoados por não serem descendentes meus
E pra sempre e sempre...
Cultuarei teu corpo com essa paixão que em mim guardo
Exaltando incansavelmente os olhos teus
Na inquietude de lembrar-me dos teus carinhos
De quando se lançavas por inteira, suave e leve no corpo meu
Preenchendo essa coisa vazia chamada Eu
Tão indigna de ter tocado um dia o corpo teu.
Porto de Galinha/PE – 14 de agosto de 2008.
POESIA EXTRAÍDA DO LIVRO "ÂMAGO" - CAPÍTULO III - SUORES.
POETA: FRANKLIN MANO - BRASIL
SITE OFICIAL
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