Poemas : 

CÁLICE

 
Cálice de sol e lua
Pétalas de chuva e vento...
E entre dulias e hagiológios
Ainda lembro-me do manauês
Da minha antepassada recalcitrante.
Que me contava sobre os trirremes
E as plagas de outrora
Alertando-me veementemente
Sobre o melancólico solstício.
Pois sabia ela
Que eles eram inertes
Apesar de serem taumaturgos
Não passavam de meros
Opus dessa trama.

Só então entendi
Que as traduções eram mudas
Pois não diziam nada sobre as palavras
Inventar em sua essência ‘Invenire’
Significa achar!
Que ambiguidade linguística
Pois até o momento em questão
Eu ao menos sabia o que procurava
O que procuro?
Parece tão enigmático!
Seria conveniente afirmar que é inefável
Se eu não tivesse pensado sobre isto antes
E ela não tivesse me educado
Sob a carícia de duras críticas.

Então na essência isso não passa de labirinto
É a mesma moléstia incurável que aflige
Há tempos o dicionário!
Mas ainda bem que a crônica
É o torpor consciente do literário
Boêmio irremediável
Delicado, mas não frágil
A tudo que é langoroso
Triste filho de dias comuns: iriados e cinzas

Pois o homem no papel de filho
Chama com amargura a mãe de prostituta
Pelos seus hábitos e vícios
E a culpa pelos seus possíveis traumas
Enquanto no papel de neto
Se orgulha pela avó ser moderna e futurista
Embora ambas tenham cometido os mesmos atos
Apenas uma cometeu o crime.
- Que crime?
Não é inocente quem é de carne!
Ou será que não é?
Sem mais Cálice.

POESIA EXTRAÍDA DO LIVRO "ÂMAGO" - CAPÍTULO III - SUORES.

POETA: FRANKLIN MANO - BRASIL

SITE OFICIAL www.franklinmano.com
 
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Derby
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