Poemas : 

Minhas marcas

 
Tags:  dor  
 
Você não sabe quantas vezes
As palavras tecem no meu ouvido uma teia de sombra.
Cantarolam em meu intimo um chuva enfurecida
Alagando meus sentidos com lama e entulho.

O tremelicar da minha espinha
Mantém o ritmo alucinado de idéias
E percorre-me um frio que ruboriza a face.

Apenas dói,
Como o rompimento de qualquer etapa,
Como o traumatizante nascimento,
Como as etapas da lapidação.

Carrego tatuado em minha pele o carma
De procurar prisões-
Para ansiar por liberdade.
De inventar doenças-
Para possuir uma cura.
De sangrar o corpo-
Para libertar a alma.

Venero inconscientemente a dor
Alimentando desejos
E sustentando meu ego.


"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito." Manoel de Barros

 
Autor
Cleber
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