ESTRELA-MENINA
(À Anja-Menina que vive em nós.
À minha MÃE.)
Na escuridão
Do céu da minha Dor,
Surgiu um brilho
Suave.
- Pequena Chama de Vida
Que absorveu a angústia
Da lágrima
E se fez Presença Silenciosa
No Caminho
Da minha Tristeza.
- Observei a sua leve trajetória,
Contemplei o seu doce brilho.
- Não sabia se o que brilhava mais,
Era a estrela no Céu,
Ou as lágrimas
Que assomavam
Aos meus olhos.
A estrela parecia falar
Uma linguagem de Luz
E de Amor.
Era solitária também.
Mas tinha a vantagem
De espiar-me lá do Céu.
Minha Dor transformou-se
Em suavidade.
Apenas sei
Que a Estrela-Menina
Não estava lá
Brilhando por mim.
Estava lá... por ela mesma.
Existia e brilhava
Por ela mesma.
- Assim como eu,
(vivendo por mim mesma).
Ambas aprendemos
A ser Dor ou Amor
E alegria.
- Mas eu aprendi Dor
Na Terra. Ela aprendeu LUZ
No espaço INFINITO.
Quis chamá-la
Estrela-Guia.
- Mas ela sorriu,
Num brilho intenso
E evolou
Num rastro de Luz
Pelo espaço afora.
- Estrela-Menina
Que brilha, brilha...
- Há milênios?
- Ou milhões de anos?
Teu brilho alcançou,
- por instantes,
Os olhos e a alma
Desta minha
PERSONAGEM.
- Figurante passageira
De uma simples e fugaz
Cena humana.
- Minha Estrela-Menina
Mensageira de um Mundo
Querido e sonhado.
- Mensageira do Mundo
Que guardo escondido
Nesta gaiola Humana.
Tu me desconheces.
Não me pertences.
- Mas teu brilho, no Céu
Guia os meus olhos
E protege a minha alma,
Nas noites de infinita
Saudade.
Num precioso segundo
Fostes capaz de revelar
A Beleza
Em mim,
Brilharás ainda
- por milhões e milênios?
Brilharei apenas
Por mais alguns segundos
Nas cenas desta Vida.
... Mas imortalizei em mim
O teu brilho – sereno –
De Eternidade.
Olhando-te
Ouvindo-te
Estrela-Menina,
Projeto-me
Na Luz infinita
Da Serenidade
( - que tu me ensinastes, minha MÂE!!)...
- Mesmo que por um breve segundo
Da minha existência....
Saleti Hartmann
Cândido Godói
1994
Reescrita: 2010