Há um querer que me aguarda, que me eterniza. Há um odor nublado, etéreo, melodia cansada e dormente. Há centelhas em chamas, brasas sem tronos, reinados indolentes, queixo-me das pratas, da substância inebriante que consumo, abraço-me nas amarras que dilaceram, canduras vãs. Cantam os coros na obscuridade, véus pintados, imersos em salitre, apodrecem as infâncias no esquecimento, envelhecem-me as faces ocultas no desespero. Enrugam-se-me as peles vazias já gastas. Embelezo-me na bucólica, conjunta, mistura e breve, nas orgias parcas, tecidas de orvalhos antigos. Sou ruína envelhecida, derrubada pelos ventos esvoaçantes. Sou claustro abandonado, bronzeado pelo sol da alma. Fui sacerdote de altares petrificados, profetiza virgem, fui meretriz nos tempos idos, viciada nos prazeres transparentes. O agora veio e raptou-me, fugi com ele. Dei-me como canção. Não me quiseram os olhares. Fugiram-se de mim.