Como pode-se enganar-se tanto
tecer por noites e noites o velho manto!
Renda insana
de seda humana
"Amor."
Sonha-lo,
imaginá-lo
cor e calor.
Perder tempo em vão
pular penhasco
superar asco
tirar do peito o coração.
Apenas por pura falta de noção
por uma fértil e erétil imaginação
E assim usa-se o tempo,
brinca-se a entreter a razão
Gira-se em torno
que range lento
sulcando a mente sem comiseração.
Porque?
"Para poder crer no poder da paixão!"
Depois amanhecer enganado
triste e exilado
dormindo tal qual cão ao frio chão.
Pergunto-me enfim "porque?"
e só consigo enfim responder
"E porque não?"
A vida é assim,
rasga-se o peito
vomita-se o coração,
veste-se cetim
despe-se
veludo alemão...
Porque?
Porque sim!
e porque não?
Vida ingrata, harpia-paixão,
felicidade uma água turva e parca
que escorre pelos dedos mão.
Ana Lyra
Dedicado a um amigo que sempre sobe cumes e sempre pula de abismos. Porque?
Porque acredita piamente que isso sim é viver!
Que estar pacato, frio e contente é apenas mais uma forma de morrer.
Cada louco com sua loucura...