Quando te esvais
A arrastar a língua
Pelos lados de fora do corpo
Vejo-te sempre tão cansada(o)
Nem os olhos esbugalhados
De tanto esmiuçares as letras compostas
Te deixam tatuagens virgens
Quando as ossadas te são adversas
Por debaixo da carne
A iniciar um estado de putrefacção
Há nos poros da tua pele
Um desgaste rápido
Pela porosidade do tempo
Sempre que te resignas
A compor poemas
Que não te cabem nos olhos
Deixa os versos seguir os seus trâmites
E reescreve os teus
Transforma-os
Edifica-os
Molha-os com a saliva
Que a tua língua transporta
E verás que há palavras
Que te serão um doce
A cair-te na boca
E no corpo todo
A acariciar-te as partes mais íntimas
Maria Al-Mar
Enquanto Mulher
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Mira(douros)