Dos pequenos retalhos espalhados na memória nascem pequenas folhas de um futuro mais verde. Só o aroma do café se mantém entre as notas do canário que canta sempre, mesmo nos dias agoniados do que ficou para trás. Transeuntes são os olhares que ficam sem marca, incómodos são os olhos que teimam em marcar. Fazes do sorriso a borracha. Fazes do abraço o barco que ampara as almas quentes. Tão só e tão leve renasce a vida, entornada de branco, ao sabor do amanhã. As letras segredam-te mares ansiosos, as palavras aconchegam-te os dias. E tu danças, danças no texto como águia livre, danças nas paredes de uma taça de cristal que se quebra com o peso da saudade. Às vezes pecas em momentos cuidados de uma paixão com pétalas de amores-perfeitos que se soltam com o soprar dos desejos. Às vezes pecas quando sentes a saudade como ar que respiras. Às vezes pecas para saberes que ainda existes.
Ainda o aroma do café, ao longe o canário, os passos no futuro, respiro a saudade e sigo-te…