Espero o teu contacto só em vão.
Só para com as lágrimas converso.
Silenciosamente sofro então.
O piano que em mim toca é submerso.
E com latejo as lágrimas não param…
Sobre este pedregulho corvos voam,
Bicam feridas que em mim nunca saram,
Rugidos negros sobre mim ecoam…
A fortaleza do meu sentimento
Desmoronada em poucos instantes!
Passado de amor mas agora isento?!
E as lembranças não passam figurantes,
Parasitas do meu grande tormento…
Boas lembranças também são constantes.
(in Sonetos)
António Botelho