<object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=3e3cb30" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> Arraste o controle acima do “play” para a direita para aumentar o volume
Voz: Frederico Salvo Musica incidental: "Espalhafatoso" - Ernesto Nazareth
*****
Eu moro em Catumbi. Mas a desgraça Que rege minha vida malfadada Pôs lá no fim da rua do Catete A minha Dulcinéia namorada.
Alugo ( três mil reis) por uma tarde Um cavalo de trote ( que esparrela!) Só para erguer meus olhos suspirando À minha namorada na janela...
Todo o meu ordenado vai-se em flores E em lindas folhas de papel bordado Onde eu escrevo trêmulo, amoroso, Algum verso bonito...mas furtado.
Morro pela menina, junto dela Nem ouso suspirar de acanhamento... Se ela quisesse eu acabava a história Como toda Comédia – em casamento...
Ontem tinha chovido...Que desgraça! Eu ia a trote inglês ardendo em chama Mas lá vai senão quando uma carroça Minhas roupas tafuis encheu de lama.
Eu não desanimei. Se Dom Quixote No Rocinante erguendo a larga espada Nunca voltou de medo, eu, mais valente, Fui mesmo sujo ver a namorada...
Mas eis que no passar pelo sobrado, Onde habita nas lojas minha bela, Por ver-me todo lodoso ela irritada Bateu-me sobre as ventas a janela...
O cavalo ignorante de namoros Entre os dentes tomou a bofetada, Arrepia-se, pula, e dá-me um tombo Com as pernas para o ar, sobre a calçada...
Dei ao diabo os namoros. Escovando Meu chapéu que sofrera no pagode, Dei de pernas corrido e cabisbaixo E berrando de raiva como um bode.
Circunstância agravante. A calça inglesa Rasgou-se no cair de meio a meio, O sangue pelas ventas me corria Em paga do amoroso devaneio!...