Há um nevoeiro misto, neblinas, névoas intensas, coberto por um véu translúcido, transparente à luminosidade, há um ser incerto, acabado no vento, modelado em barro leve, há um espaço quente, uma brisa amena, que cheira a cor estranha. Vem indolente o reinado lento, perene no anoitecer. Chega de canduras breves, elevadas no fumo negro das catedrais, fartam-me as noites negras, recheadas de frio intenso, crescem-me as luas em quatro partes, dão-se a mim. Creio na pele e no corpo indolor, carente de uma alma viva. Creio na terra apodrecida e na tundra tocada em pensamento. Não desejo o que não vejo, nem toco no que é intocável. Não amo o que não pode ser amado, nem respiro o que não tem voz. Não falo do que é silêncio, nem oculto o que não ouço. Desejo o desejável e toco no prazer feito carne. Amo o que me trás amor e falo dos cheiros perfumados. Silencio a palavra lenta e sem sentido, Tenho em mim os sons quebrados do que é obscuro.