(Aconteceu porque assim teve que ser. Morreu porque assim teve que morrer)
Mas eu sempre lhe dissera que um dia o iria encontrar numa daquelas tendas onde se fabricam bustos mediante um certo padrão. Ele nunca acreditou, mas eu, procurei em todas as feiras e em todos os locais onde moravam calceteiros. Eles sabem de todas as coisas feitas por medida. Trabalham a pedra como poucos daquela leva de amadores da arte empedrada. Moldam-na, como se molda o barro e assentam-na melhor do que um padre e os seus fiéis se sentam à missa. Hoje é Domingo e nem o calceteiro, nem o padre e nem todos os frequentadores habituais do local me disseram onde o encontrar.
Voltei para casa e liguei a televisão. Anunciaram nas primeiras notícias da noite, que tinha morrido um homem, lá para os lados de Santa Apolónia. Um carro passou-lhe por cima, porque não viu que aquele buraco negro no alcatrão, era um homem a tentar entrar até ao fundo de um saco de lixo preto, na tentativa de encontrar comida.
A Sé tinha a altivez de sempre, a estação continuava no mesmo sítio, apesar das obras de infra-estruturas, os transeuntes chegavam dos mais variadíssimos locais e o táxi chamado por um homem importante, parava. O taxista, homem na casa dos 50, rodava a manivela do conta quilómetros .
- Para onde?
- Para Belém se faz favor
Maria Al-Mar
Enquanto Mulher
- Ilusorium
- Mira(douros)
- Modus-Informe
- Uivam os Lobos
- Mulheres de Areia