(Mote)
Sou de um tempo imperfeito
Não termina, nem germina
Está preso, tem defeito
Como cepa sem vindima
Num caminhar aflito
Percorro sete caminhos
Cercados de sete espinhos
Que me espetam a aflição
Fazem-me gritar não e não
A cada picadela ao de leve
Que deixam marcas na neve
Na neve dos meus cabelos
Que se solta em ais amargos
Sou de um tempo imperfeito
Sou rua sem ter esquina
Moinho sem ter trigo
Quem quer saber do que digo
Nos dias que acordo viva
Porque noutros há quem diga
Que dos mortos eu saí
Há quem grite eu vi, eu vi
Sua alma em negação
Caminha em contra mão
Não termina nem germina
Na correnteza a preceito
Se soltam gralhas brancas
Aqui e li vozes francas
Falam de um tempo que é meu
De algo que não volveu
E que a neve soterrou
Génio que não inventou
A lâmpada de Aladino
Não olhem pr`o meu destino
Está preso tem defeito
Mas caminho rua acima
Lá no alto encontrarei
Semente que semearei
Da qual nascerá o feitiço
Do que não digo e cobiço
Do que almejo, e sei que é meu
Um pedaço de azul do céu
Lá ao fundo da planície
Não olharei a velhice
Como cepa sem vindima
Antónia Ruivo
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Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.
Duas caras da mesma moeda:
Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...