Fui-lhe encontrar num canto escuro, rindo. “Sabe que isso não se faz, entrar assim pela casa das pessoas” ! Eu me desfazendo em desculpas me distraía! Olhei à volta e já não lhe via. “Logo hoje que está por minha conta”, pensei. Me cheguei à varanda, e chamei seu nome. A chuva, Chamei seu nome, A chuva. Assustado perguntei a alguém se lhe vira. A mão apontava para o manto verde. “Faz algum tempo”. O manto verde era um lugar de poços sem fim e buracos imensos, que apenas serviam para reter águas e atraiçoar incautos. Assim que me apercebi do perigo o meu corpo gelou, a mesa rodou e tempo se virou contra mim. Larguei a minha indiferença logo ali. Corri desenfreado pelo chão espelhado, saltei os degraus que pude, contornei a casa pela direita e cheguei ao fundo. Parei. Chamei seu nome. A chuva. Chamei seu nome. A chuva. Seria possível que estivesses num outro canto, rindo, só para cobrares a minha atenção? Não , isso não se faz! Num ápice te procurei, erva pelos joelhos, não olhando o chão, não havia tempo, podia estar morrendo. Logo me deparei com um charco. Mas a chuva me atraiçoava, agitava as águas. Teria caído? Chamei seu nome. A chuva. Chamei seu nome. A chuva. Não havia tempo para duvidar. Mergulhei de cabeça. Abri meus olhos e ali estava, ainda caindo no silêncio em direcção ao fundo. Lhe peguei e lhe trouxe ao de cima. Nem precisei de tocar seus lábios. Bastou lhe dobrar sobre seu corpo para que repulsasse toda aquela dor. Aí respirou...