Em visões do breu nocturno e incerto
Sonhei com o prazer de outrora...
Mas um sonho desperto, pela aurora,
Deixou-me o coração deserto.
Que faz senão sonhar sempre acordado
Aquele que olha de soslaio
As coisas em redor, e com um raio
Apontado para o passado?
Aquele sonho santo... visionário,
Enquanto o mundo escarnecia,
Me acalentou, tal chama que irradia
Guiando uma alma solitária.
E embora aquela luz, na tempestade
E breu, tremesse lá distante...
Que mais podia haver de tão brilhante
No astro claro da Verdade?
Allan Poe