Pau que nasce torto, morre torto,
Mas menino não é pau.
Tortas são as ruas,
Que entortam os meninos,
Que sugam dos meninos seus sonhos,
Que desviam os meninos do seu caminho,
Que os afastam do direito.
Tortas são as ruas,
E os desnudos de sensibilidade que nela caminham,
Os gananciosos que roubam até os meninos,
Menino quando nasce,
É árvore viçosa,
Vis são os que roubam até sua seiva.
Menino nasce reto,
Tortas são as ervas daninhas,
Travestidas de liberalistas, capitalistas e outros “istas”.
Que habitam, que dominam as ruas,
Que entortam até os meninos.
Tortas são as curvas do ceticismo humano,
Os barrancos onde se encosta o barbarismo social,
A exploração do semelhante,
Por conta da modernidade.
Menino não é pau,
Não nasce torto,
As ruas tortas e seus habitantes tortos o entortam,
Em volta da qual vivem abutres
E meninos.