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Da Gente que Eu Gosto (Mário Benedetti)

 
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Antes de mais nada gosto da gente que vibra,
que não é necessário empurrar,
que não se tem que dizer que faça as coisas
e que sabem o que tem que ser feito
e o fazem em menos tempo que o esperado.

Gosto da gente com capacidade de medir
as conseqüências de suas ações.
A gente que não deixa as soluções para a sorte decidir.

Gosto da gente exigente com seu pessoal e consigo mesma,
mas que não perde de vista que somos humanos
e que podemos nos equivocar.

Gosto da gente que pensa que o trabalho em equipe, entre amigos,
produz às vezes mais que os caóticos esforços individuais.

Gosto da gente que sabe da importância da alegria.
Gosto da gente sincera e franca,
capaz de opor-se com argumentos serenos e racionais às decisões de seus superiores.

Gosto da gente de critério,
a que não sente vergonha de reconhecer
que não conhece algo ou que se enganou.

Gosto da gente que ao aceitar seus erros,
se esforça genuinamente por não voltar a cometê-los.

Gosto da gente capaz de criticar-me construtivamente e sem rodeios:
a essas pessoas as chamo de meus amigos.

Gosto da gente fiel e persistente
e que não descansa quando se trata de alcançar objetivos e ideais.

Gosto da gente que trabalha para alcançar bons resultados.
Com gente como esta, me comprometo a tudo,
já que por ter esta gente ao meu lado me dou por satisfeito.

Mario Benedetti, poeta uruguaio.
 
Autor
AjAraujo
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