Que lei funérea, essa que te condenou a morte?!
A lei dos homens?!...Ou a lei de Deus?!
Duzentas chibatadas vergastaram o corpo teu!
E três tiros na cabeça, foi-te o augúrio dessa sorte!
“Adultério!”... Isso o teu “crime indigno”?!
Indigno o que?!...O “crime”, ou a pena tão cruel?!
Pois que... Nem na terra ou no céu!
Allah permitiu tão desumano, e severo castigo!
E tão grávida!...Levaste na barriga, o teu filhinho!
Para onde?!...Para o inferno talibã?!
Inferno de toda uma sangrenta manhã!
Que se desfez como areia no fim do teu caminho...
Mártir provinda de um crime tão horrendo!
Que a tua morte por todo o mundo seja lembrada!
Que não seja em vão, essa paz alcançada!
Inda que outras mulheres terminem morrendo...
E deixou estarrecido Badghis, todo o mundo!
E remeteu o séc. XXI, ao período do barbarismo!
O barbarismo sangrento!...Do extremismo!
Que imergiu toda a terra num poço tão profundo...
Allah!...Ó Allah!...Ouviste dela todos seus “ais”?!
Dizei-me!...Esse ínfimo “ato”, a tua lei violou?!
Dizei-me, Allah, pois se ela pecou!
Os que interpretaram a tua lei pecaram inda mais!
E lá!...No cimo da montanha mais febril!
Uma voz - em meio à cordilheira -, ecoa do além!
Desamparada!...Ecoa tão refém!
Da intransigência do extremismo mais hostil!
Terra de cizânia!...Pobre de ti, Afeganistão!
Ecoa o teu nome em consonância com a morte!
Bem sei que os que te ambicionam qual consorte!
Hão de se deixar prostituir sobre o teu chão...
(® tanatus - 10/08/2010)