Cansei-me das descobertas mortas, perdidas na infância esquecida, nublei meu espaço, meu olhar, meu pensamento, refugiei-me no esvoaçar das aves, no percurso íngreme para o sul. Dei-me ao vento. Fugi com ele. Abracei a tempestade. Dormi com ela. Cantei uma melodia para afugentar a loucura do passado. Resisti, não vacilei. Continuei pela entrada oculta da mansão de dentro. Tudo foi abandonado, já nada espera pela mão que trará carinho. Perdi-me nas cavernas desconhecidas, encobertas, melodiosas, afastei o medo, cantei-lhe uma canção de embalar. Continuo na espera, ardo, misturo-me, saceio-me, luto pelos prazeres insanos como um animal selvagem, feroz, imerso nos tempos idos, ausente de memórias. Cansei-me, dilacerei em mim as dádivas sem sentido, os corais no incensário que repousa em chamas. Cansei-me, das relíquias que me pertencem, por ser filho oculto das madrugadas, por ser escudo raro e espada nas batalhas contra o desconhecido.