A mentira é filha da inverdade. Encanta subtilmente quem faz uso dela e enfeitiça as suas vítimas. Vai até às últimas consequências para conseguir o que quer. E normalmente consegue o que almeja, à custa da falsidade. Conta histórias falsas com uma facilidade assustadora e uma abstracção própria da ilusão. A mentira é aquilo que engana ou ilude, de forma propositada e pensada. Há quem viva as suas vidas sobre a égide da mentira e só assim se sentem vivos e “úteis”. A mentira mente com quantos dentes tem na boca, prega petas aos incautos e desenganados desta vida.
A mentira é o acto de mentir como quem fala a verdade e é um engano propositado. O mentiroso planeia cada acto infame ao mínimo destaque, para conseguir levar de vencida, os seus intentos. O mentiroso não tem vergonha na cara e faz disso um modo de sobrevivência mental. O seu modo de pensar é totalmente desvirtuado e consegue enganar o próprio mentiroso, de tão incumbido e “distraído”, que está com os seus estratagemas falsos. O mentiroso é o mais natural possível e encena a mentira, vezes sem conta, antes de a usar para seu intento e propósito.
A tomada de decisão é deliberada para alcançar aquilo que o mentiroso pretende. A mentira tem como finalidade atingir os seus fins seja como for e de que maneira for sem pôr em causa o mentiroso futuramente. A mentira é uma cegueira e uma oportunidade desleal, de se obter fins lucrativos sem grandes esforços, basta fazer uso da pouca-vergonha e da inteligência, do qual o mentiroso usufrui. A mentira é uma resolução bem pensada e preparada, ao pormenor. Há quem viva da mentira, como se isso fosse um emprego, das nove da manhã às cinco da tarde. O mentiroso não precisa de picar o ponto, mas está sempre activo.
O mentiroso é discreto e não fala de sua vida, nem aos amigos, a esses mente descaradamente sem se importar muito com isso, pois faz parte de sua essência. A mentira usa do bom senso para executar na perfeição aquilo que planejou ao milímetro. Não se arrisca a nada, se consegue antecipar que algo vai dar mal, ante o que planeou repetidamente. A mentira é aparente e falsa cortejando de antemão e antecipadamente a sua presa, que só se apercebe do engano depois de este ter acontecido, quase sempre com resultados positivos, para o mentiroso. A mentira é canalha e não sofre de sentimentos de culpa.
O mentiroso alcança a sua ascensão quantos mais anos conseguir sobreviver da mentira, sem ser apanhado pelas autoridades policiais. O mentiroso é auspicioso e promissor, quando executa bem a sua “arte”. Dissimulada a mentira atrai as pessoas para si, de um modo natural e pertinente. Veste-se bem e tem sempre um sorriso anuente, para se aproximar da pessoa, oferecida ao sacrifício. O mentiroso é intelectual e tem um gosto predominante pelas coisas do espírito. Faz de sua vida um ritual, que segue à risca, sem se desviar da “sorte”, que o acompanha religiosamente.
Jorge Humberto
09/08/10