Na dormência eu espero
contemplando no espelho
esta imagem que me surge
desfocada na cruel mentira
Não sou eu que ali estou
Eu só preciso dum motivo
que alguém me roubou
na ânsia de ser alguém
que eu não consegui ser
Agora espero por quem?
Por ninguém
Alguém me há-de dizer
quando chegar o dia
em que o sol não virá
e eu já de alma vazia
pouparei nas palavras
pois de nada servirão
tal como essa fé
que te cola agora ao chão
rezando a um deus
chorando por nós em vão
E de que vale agora a sorte?
A sorte que eu nunca tive
que nunca procurei
agora resta a morte
e a flor que tu me deste
eu ontem a larguei
não a quero ver murchar
prefiro esquecer
prefiro morrer
Para nunca mais voltar