A ventoinha abre os olhos para o pesadelo
comprimido numa lata de conserva em suspense.
Uma borboleta gira no meu pescoço sem oxigénio
e abre fendas no céu escarlate da noite.
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Escorrem as palavras por um fio de néon
que a noite soletra na sombra de um beijo -
apagado no contorno frágil da minha mão,
onde outrora dilatou os poros reluzentes com a brisa.
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Silencio-me nas tuas mãos.
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Enterro os dedos na terra vermelha da pulsação,
tento estancar as feridas descarriladas.
Ardem as carruagens, estilhaçam-se os vidros
que os olhos plantaram nas bermas dos caminhos;
ouve-se o cantar do monóxido de carbono
nas inclinações do corpo deposto na ravina.
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Segues com os teus passos irregulares
sem nunca olhares para trás, onde, imóvel - me entrego.
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Silencio-me nas tuas mãos.
.
A luz da lua pousa nas ervas manchadas,
o rio corre rápido como uma chita...
como se tivesse pressa de dizer ao mundo
que os meus lábios sedentos de saudade
são como um atentado à bomba para o rosto da alma;
onde me despeço e as constelações vibram.
.
Silencio-me nas tuas mãos.
Adormeço nas metáforas da noite.
.
E sou.
E parto.
E nada sobre o eco permanece.
rainbowsky