Eu queria beijar aquelas mãos que um dia afagaram meu rosto.
Era madrugada, saíamos de um baile da minha cidade
Tinha-mos dançado, rodopiando e conversando
De tudo e de nada, felizes da nossa mocidade.
Perguntei-lhe seu nome. Meu nome? não sei!
Até sua casa lado a lado a acompanhei
E pelo caminho, muito de mansinho um beijo lhe roubei.
Ela dois me deu. Rindo me foi dizendo, sou Florbela!
Assim continuamos de mãos entrelaçadas
Felizes rindo, levou-me ao seu ninho.
Como por magia, nossos corpos se despiram
De todas as roupas, de todos os preconceitos
E essas mãos me levaram ao seu leito.
E nas ruelas do seu peito, meus lábios
Percoreram montes e vales do seu corpo,
Beberam a água, que de prazer dos seus olhos brotavam
Saciando a sede que o verbo amar nos faz conjugar
Num orgasmo de amor em todo o esplendor.
E eu queria continuar a beijar com gosto,
Aquelas mãos que um dia afagaram o meu rosto.
A. da fonseca