Uma caixa de areia, um cachorro, foi tudo que compou. Saiu pela manhã com o desejo imenso de rever o seu grande amor. Como era um dia de outono, pensou em ter essa atitude para reformular seu comportamento, selou sua carta e beijou sua medalha da sorte, previlégio de poucos ter amor e fé - pensou. Teve medo do futuro, não sabia muito bem compartilhar todo o desenrolar da história, sofreu. Acalmou-se após uns goles de conhaque, pensou que não tinha idade para se emocionar e nem tampouco desacreditar. Lembrou dos movimentos de épocas e ficou sossegado, por tudo que já tinha acompanhado por gerações. Seu costume pela solidão foi desencadeado por seu jeito definido de como gostava das coisas. Acreditou que aquela carta transformaria as dúvidas em respostas verdadeiras. O tempo que ficou consigo tinha lhe dado um composto de "curtição" que o deixava diferenciado - refletiu. Teve medo sobretudo porque, aquela manhã era outono, esse clima o deixava terrivelmente introspectivo, o seu esforço seria redobrado, em tomar uma atitude inversa do que já estava acostumado, a ponto de se preocupar com o costume de ficar só. Por outro lado, nessa vida e morte há fatos que não se escolhe - considerou. Caminhou naquela manhã mais leve, na certeza que havia tomado um caminho de volta, o da reconsciliação -esperou. Por algum motivo a carta não chegou ao seu destino, por algum motivo o tempo passou vagarosamente, por algum motivo tudo se encaixou como sempre, na conspiração do universo no descontrole do destino. Sobre todas as coisas na mesma noite ocorreu-lhe uma canção em seu espírito, do incômodo de estar exageradamente em si. Beijou o cachorro e o deixou na estrada e da caixa espalhou toda a areia por toda a extenção do rio num abandono de si mesmo. A noite era de lua cheia, e percebeu o quanto as estrelas o sensibilizavam. Viu os grãos de areia tomando novo rumo espalhados à margem do rio caindo na correnteza. A espera o envolveu novamente nas coisas simples da vida. Retomando o que havia deixado para trás. Aprendeu com tranquilidade um novo quebra cabeça, no silêncio dos tempos desiguais das pessoas.