Conheci-a num belo dia de Verão...
Estava na praia e ela vinha com umas amigas minhas...
Cumprimentaram-me e foram ao banho...
Fiquei logo encantado, adorei a sua voz; foi amor à primeira vista...
Dei-me conta que voltavam e fingi estar a dormir...
Senti uns pingos nas costas à medida que estendiam as toalhas...
Ralhei um pouco em tom de brincadeira e envergonhado precipitei-me novamente no sono fingido...
Os risos e a galhofa eram abundantes, mas distinguia claramente a sua voz...
De repente, comecei-me a sentir observado e apercebi-me que ela tecia comentários abonatórios a meu respeito; sentia-se também atraída por mim...
Fazia-se tarde e elas tinham que ir embora...
Disseram-me adeus, e foram, alternando risos cúmplices entre elas...
No dia seguinte tive uma surpresa; ela telefonou-me...
Sem jogos ou rodeios, falou-me da sua atracção por mim e queria saber se nos podíamos voltar a ver...
O meu contentamento era visível e eu também não fiz por o esconder...
Correspondi-lhe os sentimentos e marcamos daí a dois dias, numa esplanada na praia onde nos havíamos conhecido...
Contei os minutos até ao dia que finalmente chegou...
Estava um dia quente, típico de Agosto...
Cheguei à hora marcada e sentei-me na esplanda que combinámos e esperei...esperei, esperei e desesperei...
O tempo subitamente havia mudado; o vento soprava forte e ameaçava chover...
Entrei para dentro do café, onde estive até ao momento que um empregado me abordou, trazendo um bilhete...
Ao fim de uns momentos começou a ler:
"Cheguei às quinze horas e dezoito minutos, doze minutos antes da hora marcada. Vinha radiante, espectante por estar contigo. Pouco depois vi-te ao longe... Sinceramente, senti algo inexplicável, algo com o qual não consegui lidar... Desculpa, mas tive que ir embora. Chorei ao escrever este bilhete, enquanto te via sentares-te na esplanada. Desculpa, por favor, desculpa-me. Espero que sejas feliz com alguém um dia, mas esse alguém não sou eu, pois sei que não seria feliz...ao lado de um cego..."