Sinto-me como um pedinte
Que esmola qualquer coisa à vida.
Como se ela tivesse obrigação
De cuidar da minha ferida
Ou de ser minha ouvinte…
Se bem que, pelo que fui fazendo
Enquanto cá estou, talvez
Nem fosse totalmente imerecido:
Para todos com os que lido
Sou de uma total nudez.
Pelos amigos, faço tudo
Ao meu alcance, sem buscar contrapartidas.
Às injustiças sucessivas
Não consigo ficar mudo,
Um rastilho e logo expludo!
Rejubilo com o simples sorriso
Daqueles que, finalmente, viram a vida sorrir.
É tanto quanto preciso
Para me iludir
E crer no Paraíso!
Mas é já cansado e correndo o risco
De ser pedante, que vos relato
A indiferença do mundo à bondade,
A degradação da moral e do bom trato
E a fuga da felicidade!