Parto o relógio de pulso de encontro às ondas
Deixo o tempo correr sem velocidade nem distância
Agarro uma estrela e sento-me nela
Sou o motivo lunar em expansão
O gemido que a garganta lança ao vento
É uma folha de prazer e eucalipto
Uma folha de hortelã
Qualquer coisa de misterioso e profano
Então agarro um raio de luz com as mãos
Com o giz de sangue e saliva
Escrevo nos céus o romance ideal
De um coração que se encontrou
Imergiu do Pólos e naufragado
Deu à costa numa paixão esquecida
Contam os marinheiros que foram felizes
Nas tardes amenas e secretas
Sentados numa esplanada de Verão
A braços com uma cerveja
E um beijo
António Casado
18 Julho 2010