SAUDADE DO ENGENHO
Ai! Que saudade que tenho
de quando morava no engenho,
de tantos dias, bem cedinho...
Ali fabricava minha pinga
ali ouvia a Piratininga,
quando ligava meu radinho.
Nas manhãs de segunda feira
ouvia Zé Fortuna e Pitangueira,
fazia minha festinha ali.
Enquanto arriava meu cavalo
ficava ouvindo Zilo e Zalo,
as vezes, Belmonte e Amaraí.
Num programa da madrugada,
era o Pedro Bento e Zé da Estrada,
isso, em todo final de semana.
E sempre ouvia em silêncio
o Torres e Florêncio,
Cascatinha e Inhana.
Quando a noite chegava
meu velho radinho ligava,
ouvia, Alvarenga e Ranchinho.
Belas canções, que não esqueci
do Mococa e Moraci,
Tião Carreiro e Pardinho.
Tambem cantava, até ficar rouco,
as belezas do Tonico e Tinoco,
de Nestor e Nestorzinho.
Quando ia no arraial
era Lourenço e Lourival,
era, Tibagí e Miltinho.
Caçula e Marinheiro,
Sulino e Marrueiro,
muitos deles já no céu...
Mas, ô saudade minha,
de Silveira e Barrinha,
dos irmãos Liu e Léo.
Das tristezas do Jéca
das toadas de Zico e Zéca,
de Pirapó e Cambará.
Jacó e Jacozinho,
Moreno e Moreninho,
para onde andará?
Grandes sucessos do passado,
tenho com carinho guardado
de um tempo que já se foi.
Se alguma coisa me amola
vou colocando na vitrola
Curitibna e Couro de Boi.
Mais de mil discos ainda tenho
lembranças, que veio do engenho,
de um tempo já tão distante...
São as jóias da esposa Isabel,
lps de Leôncio e Lionel
de Nelsinho e Diamante.
Para quem raridades cultua,
ouvir Seresteiro da Lua,
ou o lindo Anel de Noivado.
Ao curtir essa saudade,
o que tenho mesmo e vontade
de voltar naquele passado.
Hoje, não pesco, não lenho,
já não existe mais o engenho,
como também o radinho...
Minha última grande emoção
foi quando vi num caminhão
o Canário e Passarinho....
GIL DE OLIVE