No cimo das amendoeiras
No branco das nuvens
Uma ave agita as penas
Promete ser vontade
Rasga o crer amorfo dos homens
Arrastados pelas ruas da cidade
Desacreditados no futuro
Desgostosos com o presente
Ruminam soluções numa tulha de ideias soltas
Imploram por ditadores e canalhas
Como a “cannabis”
Capaz de acudir à revolta!
Amofinam a alma conformada
Com a precariedade da existência
Que se embrulha num estômago faminto
A liberdade
É um postal feito à medida do passado
Foi verdade
Antes de a traição ditar a condenação
De um projecto
Que a todos espargia
De felicidade.
“Direitos e oportunidades iguais!”
É possível
Embora nos façam crer que não
Para que poucos acumulem a riqueza
Sugada às bocas de todos
Justificam com um Deus ou um Cristo
Assim fizeram o mundo e quiseram
De um lado os pobres
Do outro os ricos que são muito poucos
Mas que vivem muito felizes
Da mais vil escravatura
A que submetem a pobreza!
31 Julho 2010
António Casado