Desprezo-te, porque não pode ser de outra forma!
Porque há valores de que não prescindo,
Mais fortes do que o instinto.
É custoso, não minto,
Mas bem-vindo.
Se te amasse ainda, era indigno
Até do teu respeito.
Por vezes, o que há no peito
É maligno
E outras tantas, perfeito!
Ser digno passa por fazer essa distinção
E quando feita, por honrá-la.
Impedir o coração
De convencer, quando fala.
Desprezar-te, porque não pode ser de outra forma!
Sinto falta do que volveu,
Daquilo que ridicularizei.
Porque afinal, o ridículo era eu
E agora bem o sei.
Já é tarde…
Tarde para fazer tudo bem feito,
Para estimar como devia.
Tarde para perdoar qualquer defeito
Ou aceitar qualquer mania.
Ah, que pena não haver tempo…
Tempo para consertar as divergências.
É possível fazê-lo, por norma,
Se não sobejarem inverdades.
Por isso, ainda que morra de saudades,
Desprezo-te, porque não pode ser de outra forma!