OLHOS FIXOS NO PAPEL
A CANETA AZUL
DESENHA LETRAS
FAZ SEU POEMA
DELINEANDO PALAVRAS
VINDAS DE DENTRO DE SEU SER
LETRAS BEM ESCRITAS
PERCEBE OS DEDOS ANTES TÃO BONITOS
TRANSFORMADOS
SÃO DEDOS GROSSOS AGORA
A ARTROSE FOI SUA INIMIGA
FAZ DE SEUS DEDOS, DOR SENTIDA...
AS UNHAS LONGAS
SÃO MUITO BEM PINTADAS
DISFARÇANDO A DOR DA MULHER
A VAIDADE TEM SEU PAPEL
MESMO EM DEDOS TORTOS, USA-SE ANEL...
FICA TRISTE POR UM MINUTO
LEMBRANDO QUANDO TINHA AS MÃOS BELAS:
AS MÃOS QUE ESCREVIAM VERSOS, PINTAVAM TELAS...
A ARTROSE NÃO A ALCANÇAVA NAQUELA ÉPOCA
BATIA MÁQUINA POR TODA MADRUGADA
POEMAS, QUE SAÍAM SEM ESFORÇO
BASTAVA ALI FICAR
E A INSPIRAÇÃO SE INSTALAR...
A MÁQUINA ERA AZUL
ASSIM COMO A TINTA
QUE ESCREVIA NO PAPEL
SEMPRE A MESMA COR...
AGORA, PASSA PARA A TELA FRIA DO COMPUTADOR
AQUELES TEMPOS, A MULHER DEIXOU PARA TRÁS
ERA MOCINHA NOVA
PASSADO QUE NÃO VOLTA MAIS...
AS PALAVRAS MUDARAM
OS SENTIMENTOS TAMBÉM
OS TEMAS ESTÃO DIVERSIFICADOS
ELA SEMPRE TENTA IR ALÉM...
A MULHER,
POETA DE NASCIMENTO
NÃO JOGA PALAVRAS AO VENTO
QUER IMORTALIZÁ-LAS
EM VERSOS
DEIXANDO AQUI E ALI
PARA AS GERAÇÕES QUE ESTÃO POR VIR...
SÃO LETRAS DESENHADAS
PELAS SUAS MÃOS DE FADA
COM TOQUES SUTIS
DE CORPO, ALMA E CORAÇÃO
COLOCANDO EM SEUS VERSOS TAMBÉM,
CERTA DOSE DE SEDUÇÃO...