Na escuridão de minh'alma
habita meu lado sombrio
Aquele que escondo,
que aprisiono a sete chaves
e na calada da noite me invade
Ele chega arrastando seu peso, seu penar
Correntes de bronze em seus pés atados
Ele habita na noite escura,
no vazio da solidão,
tirando-me o sono e a paz
Esse Sete que me persegue
Sete cores
Sete Mares
Sete Notas
em que me tocas...
como um brilho escuro
de veludo negro
toque suave...
de uma armadilha
teu segredo...
Segredo que não se pode revelar,
mas as sete chaves resguardar
A escuridão tem seus encantos
É nosso refúgio para a dor,
sem máscaras, sem sonhos
A realidade sem retoques
Sem o brilho das cores
Somente nós, dentro e no fundo
de nós mesmos
entregues às solidão que assombra
libertação de nós próprios
na fina linha
que nos separa
da profunda dor nocturna
e do fogo de artifício
de tua respiração aprisionada
no horizonte de meu dia
que morreu na praia cinzenta
Linha tênue
Dois opostos que se atraem
Escuridão e luz
Na escuridão a dor vivida em sua intensidade
Na luz a esperança de um melhor porvir
Perder-se nessa prisão que oprime
Não, não é a solução
Venha comigo, me dê sua mão
Vamos juntos em busca da Luz
Não tenha medo, guardemos nossos segredos
Onde apenas me rendo
a teu murmúrio sem limites
em que sou guloso de serenidade
ansioso da simbiose das mãos
sente esse suor ansioso
voa através de intenso fumo
sopra e vê-me sem sombra
tens mesmo a certeza
que contemplas algo perigoso...
A sombra não me assusta
Pois sei a luz buscar, quando necessário for
Só vivendo nossa sombra ,sem medo
Podemos encontrar nossa verdadeira luz
A serenidade das mãos
te aplacará o medo da solidão
Confie em mim, venha ...
Sei o caminho para sair das trevas
e não te deixarei só a luz do sol
Apenas necessito de um dolmen
para o velho corpo descansar
venenos transpirar...
de outrora reconditos instintos
que agora me dizem
que os negros famintos
são apenas aqueles
que em teus olhos brilham...
Ianê Mello / JC Patrão