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Tanta casa sem gente e tanta gente sem casa (dimensões X pobreza)

 
<a href="http://2.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... +052.JPG"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 320px; FLOAT: left; HEIGHT: 240px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5500249268084169410" border="0" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... 20/garfitis+052.JPG" /></a>
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<div><span style="color:#cc0000;"><strong>“tanta casa sem gente e tanta gente sem casa”</strong></span></div><span style="color:#cc0000;">
<div></div><a href="http://2.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... +053.JPG"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 320px; FLOAT: right; HEIGHT: 240px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5500248957206655970" border="0" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... 20/garfitis+053.JPG" /></a>


<div align="justify"><span style="color:#ff0000;"><strong>Mas não, não poderia ser eu, na calada da noite a escalar muros, ao encontro deles, só deles. Entrei à socapa, como alguém que se presta a profanar vidas de outros eus. Na rua, os cães ladravam, os carros passavam, mas eu, sempre eu à procura de traços, de algo decifrável, mas não entendível. Agora sim, essa já era eu.</strong></span></div><div align="justify"></span></div>
<div align="justify">Morreram os habitantes daquele lugar. Ficaram os registos de uma vida, ou de várias vidas esboçadas nas suas tristes paredes. Mas, encontrá-las nesse lugar vazio, é ir ao encontro de muitas outras que se encontram ainda, prontas para habitar estas paredes nuas, carentes de um quadro vivo, prestes a iniciar uma nova linhagem, que lhes pintasse o sol. Mesmo na escuridão nocturna, aquele espaço era a referência de algo que me sugestionou ficar. Sim, ficar na tentativa de captar a energia daquele lugar. Cartas, muitas carta<a href="http://3.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... +048.JPG"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 320px; FLOAT: left; HEIGHT: 240px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5500248325386620930" border="0" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... 20/garfitis+048.JPG" /></a>s sem destinatário, livros muitos livros amarelecidos pelo tempo. Foram lidos e relidos penso eu, mas quem marcou página a página, daqueles liv<a href="http://2.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... PG"></a>ros, já não deixa marcas na poeira que cobre aquele chão. Se por acaso, me pesassem os pés, ficaria ali até ao dia seguinte, mas tive medo, muito medo de me perder naquele amontoado<a href="http://1.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... +046.JPG"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 320px; FLOAT: right; HEIGHT: 240px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5500248111006589234" border="0" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... 20/garfitis+046.JPG" /></a> de sonhos ao abandono. Coisas, muitas coisas em desuso que <a href="http://3.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... JPG"></a>de tanto uso, deixavam a nu algumas teias de aranha que vinham morrer nos meus braços. Havia pregos de aço nas paredes, que sustentavam ainda restos de vida, muita vida que ali se alimentou, ali se perpetuou naquele espaço vazio. Havia muita água em garrafas e garrafões ainda virgens, e eu com sede, tanta sede de beber daquela água, benzida pelo tempo, mas medo, muito medo do veneno que esse mesmo tempo lhe ofereceu. S<a href="http://1.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... .JPG"></a>e por momentos imaginasse que o sítio onde meus pés me levaram no momento seguinte, era habitado por gente, mas desabitado na pele dessa mesma gente, teria gritado por eles; venham, aqui há de tudo, e <a href="http://4.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... +047.JPG"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 320px; FLOAT: right; HEIGHT: 240px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5500248543808547682" border="0" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... 20/garfitis+047.JPG" /></a>ainda mais para vos tocar a alma; há um jardim de ervas secas, mas foi só o verão que as queimou, há um tecto para gente sem casa, há letras impressas em livros e cartas de vidas que o destinatário rejeitou. Abandonem esses lugares inóspitos, onde a verdade se assume sem nenhum gosto especial.
</div><div align="justify">(Gente sem terra, nem tecto, nem nada que os fizesse voltar àquela casa vazia, mas com tudo que se precisa para se recomeçar uma vida em todas as que ficaram. Sala, quartos WCs´, cozinha, jardim, móveis, loiça, banheira, lavatório e livros, muitos livros e ainda cartas sem destinatário. Também morre<a href="http://3.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... +071.JPG"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 400px; FLOAT: left; HEIGHT: 300px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5500247262937121602" border="0" alt="" src="http://3.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... te+sem+casa+071.JPG" /></a>u?)

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<a href="http://2.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... +067.JPG"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 400px; FLOAT: right; HEIGHT: 300px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5500247601301588514" border="0" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_rJrh_kJazkM ... te+sem+casa+067.JPG" /></a>

<div align="justify"><span style="color:#ff0000;"><strong>“Tanta casa sem gente e tanta gente sem casa”</strong></span>, li eu numa das paredes tatuadas de uma cidade que já não sabe se é governada por todos os desabitados, ou se pelos cofres fortes de quem vive, mas jaz morto na sofreguidão que suas vidas lhes ofereceu. Decifrar as marcas de um tempo, é tentar descobrir quantos soalhos ele reergueu. Os cães ladravam na noite, enquanto esperavam que a casa há tantos anos abandonada, fosse mais um lugar a ocupar. Só mais um, entre tantos os tectos que existem nesta cidade, desabitados por Deus. </div><div align="justify">******</div><div align="justify"></div><div align="justify">(fotos DM)</div></div></div></div></div></div></div></div>
 
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ÔNIX
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Enviado por Tópico
AnaCoelho
Publicado: 01/08/2010 10:01  Atualizado: 01/08/2010 10:01
Membro de honra
Usuário desde: 09/05/2008
Localidade: Carregado-Alenquer
Mensagens: 11255
 Re: Tanta casa sem gente e tanta gente sem casa (dimensõe...
Tantas casas em abandono e tantas vidas em busca do tecto que caí na solidão, com memórias por contar. Subterradas pelos dias que correm e ninguém faz nada.

Uma boa reflexão.

Beijinhos


Enviado por Tópico
TrabisDeMentia
Publicado: 01/08/2010 10:19  Atualizado: 01/08/2010 10:19
Webmaster
Usuário desde: 25/01/2006
Localidade: Bombarral
Mensagens: 2335
 Re: Tanta casa sem gente e tanta gente sem casa (dimensõe...
"Eu acredito que as insituições bancárias são mais perigosas para as nossas liberdades do que exércitos armados. Se o povo Americano alguma vez permitir que bancos privados controlem o estado das sua moeda, primeiro por inflação, depois por deflação, os bancos e as corporações que crescerão em volta (dos bancos) irão desprovir o povo das suas popriedades até que as suas crianças acordem sem casa no continente que os seus pais conquistaram. Tal poder deverá ser retirado dos bancos e reatribuido ao povo, ao qual ele pertence por direito."

Autor:
Thomas Jefferson, 3º Presidente dos Estados Unidos da América

Tradução:
TrabisDeMentia


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/08/2010 10:30  Atualizado: 01/08/2010 10:30
 Re: Tanta casa sem gente e tanta gente sem casa (dimensõe...
Um relato nu e cru da sociedade portuguesa. Aldeias desertas, populações sem abrigo. Um país no caos. Gostei muito da forma soberba como recontaste as memorias de uma vida anterior e o presente tão morto como o passado. Assim vai este pais sem rumo...sem futuro!

Brilhante

Beijo azul


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/08/2010 10:45  Atualizado: 01/08/2010 10:45
 Re: Tanta casa sem gente e tanta gente sem casa /ÔNIX
Dolores, ontem,na minha volta pela cidade - a qual eu apelido de actualização de ficheiros, Service Pack X (a ela, a volta) - Interrogava-me como é possível que mais de metade de uma rua tenha as suas construções completamente em ruínas... Hoje , mais uma actualização de arquivos, a manhã estava convidativa a uma voltinha, ar fresquinho, algum orvalho e quase ninguém na rua, por outras ruas e vielas deparo-me com o mesmo drama, para onde quer que me vire há casas abandonadas e em ruínas... as cidades estão velhas, cinzentas, negras, a paisagem urbana é decadente em sintonia com tudo o resto , não espanta que o povo ande cada vez mais triste,cabisbaixo,com expressões no rosto que denunciam alma amargurada. Aqui e ali há expressões de festa,festa festivaleira onde o rei vai nu, não são expressões de alegria, são manifestações desesperadas na vã tentativa de esconjurar os fantasmas que nos perseguem!

Excelente postagem, com toque de foto-reportagem e a clareza e profundidade dos teus textos ímpares.

Tem um bom Domingo.

Beijo

PS: Tal como tu também tirei fotos,mas com a actual tendência de proibirem tirar fotos em tudo o que é sítio, não tarda atingimos o cumúlo do ridículo : no fascismo era permitido bater foto em quase todo lado(tenho fotografias de quando era pequenino, comigo em tudo que era monumento e casa de espectáculo)Hoje , na democracia, e com a democratizão que as camaras digitais trouxeram, não se pode registar fotos em lado algum, são as grandes contradições do nosso tempo !

+ Beijo