Onde ficará o infinito?
Além das estrelas, talvez.
Mas o depois das estrelas inexiste,
Depois, só o nada, absolutamente nada!
Seria o infinito o nada?
Como será o infinito, quem sabe?
Quem já passeou por lá, mesmo em devaneios,
Certamente há de contar, quero saber.
Se o nada é ausência de tudo,
Espaço vazio até de estrelas, além delas,
Que dizer do vazio que sentimos,
Nos delírios do desamor,
No dolorido da desesperança,
No pouco caso da solidão sem saudade.
No choro do desespero, sem lembranças.
Seria o infinito por onde passeiam os poetas?
Para esvaziar as madrugadas sem inspiração,
Para cobiçar as amantes alheias.
Para delirar sonhos proibidos,
Sorver o sabor do pecado?
Seria o infinito, o lugar abstrato,
Por onde passeiam os solitários,
Que não querem voltar pra casa,
Que não tem casa pra voltar?
Seria o infinito por onde divaga
A mente doentia dos suicidas, em seu torpor,
De onde gosta, onde se acolhe,
Quem o abraça e o leva consigo para o nada?
Melhor se o infinito fosse logo ali,
Pouco depois da lua cheia,
Onde os namorados sentam pra descansar,
Depois dos delírios das noites de frenesi.